terça-feira, 26 de janeiro de 2010

E.T. o Extra-Terrestre

Eeetê teeleefoone miiiinha ca-a-a-asa... Quando criança, eu achava horrível a voz do E.T.. E não era para menos: na versão dublada que passava na Globo, ele ficava parecendo uma velhinha. Graças a Spielberg, o filme foi relançado no cinema quando fez vinte anos, em versão remasterizada e com cenas inéditas. Finalmente uma chance para quem até então só tinha ouvido a "versão brasileira Herbert Richers"! E.T. fone home, E.T. fone home, E.T. fone home...

E.T. o Extra-Terrestre (E.T. the Extra-Terrestrial, 1982) narra a amizade entre Elliot, um garoto de 10 anos, e um E.T. que quer voltar para seu planeta. Com a ajuda dos irmãos (lembra da Drew Barrymore pequeninha e histérica?), e de alguns M&Ms, Elliot leva o E.T. para sua casa - e ganha um novo amigo.

Como todo ser mais evoluído, o E.T. aprende rápido e tem poderes meio místicos, como levitação e comunicação telepática. Ah, sim! Ele também é um ótimo botanista - só que muito fraco para cerveja. Com um guarda-chuva, um tecladinho e outras bugigangas desmontadas, ele constrói um comunicador para mandar uma mensagem para seu planeta (que funcionava de verdade!). Mas a trama se complica: o E.T. fica doente e Elliot também. É quando aparecem os vilões: homens do governo em roupas assustadoras, que levam os dois para um hospital. O nosso herói de outro planeta (quase) morre, e finalmente consegue telefonar para casa, pra virem buscá-lo. As lágrimas foram verdadeiras: como o filme foi filmado em ordem cronológica, a última cena foi também o último dia de filmagens – e os atores mirins choraram de verdade ao despedir-se do boneco animado: “I´ll be right here” (“Eu estarei sempre aqui”), dizia o E.T., apontando para o coração do Elliot. Ops! Chorei também.

A história é mais do que ficção científica: é um relato do conflito entre a visão de mundo de crianças e adultos. Repare: os adultos aparecem quase sempre da cintura para baixo (até a parte final do filme, a única a aparecer de corpo inteiro é Mary, a mãe das crianças), e nunca vêm o E.T. com bons olhos, quando o vêm - a mãe nem consegue distingui-lo o entre os brinquedos no guarda-roupa. As crianças, ao contrário, sempre conseguem perceber um amigo atrás daquela cara esquisita. A menininha Gertie, depois que pára de gritar, adota o extraterrestre, como uma nova boneca. Elliot é o personagem que mais se envolve com o E.T., a ponto de "sintonizar" seus sentimentos com os dele: um passa a sentir exatamente o que o outro sente. Se isso era uma habilidade especial dos seres de outro planeta ou fruto da amizade dos dois, só Spielberg sabe. No site oficial do relançamento do filme, o diretor diz que o E.T. representava, para o menino, uma maneira de superar a separação dos pais.

Panelinha de Hollywood - Entre as crianças fantasiadas para o Dia das Bruxas (em que os meninos aproveitam para levar o comunicador do E.T. para o alto de um morro), uma delas está vestida de Yoda, e fica encarando o E.T.. Mas essa não foi a primeira referência ao universo Lucas-Spielberg: entre os brinquedos de Elliot, aparecem outros personagens de "Guerra nas Estrelas". George Lucas teria retribuído a brincadeira, colocando E.T.s como figurantes do 4º filme da saga, "A Ameaça Fantasma". O script de "E.T. o Extra-terrestre" foi escrito durante a filmagem de “Os Caçadores da Arca Perdida”. A roteirista era a mulher de Harrison Ford - que também participou do filme como o diretor da escola, em uma cena que foi cortada da versão final.

Não foi à toa que aquele ser cabeçudo de outro planeta (inspirado em Einstein e em um cachorro da raça Pug) virou mania entre as crianças da época e ainda faça tanto sucesso (eu tenho até hoje o meu bonequinho do E.T. que brilha no escuro). E.T. é um dos frutos da boa fase de Spielberg, quando “filme para toda a família” ainda não era sinônimo de filminho água-com-açúcar. O filme tem uma das imagens mais conhecidas do cinema: o menino de bicicleta na frente da lua, que virou símbolo da Amblin Internacional - você pode vê-la se esperar pelo fim dos créditos de alguns filmes do Spielberg.

Trechos clássicos do filme:

Elliot: Oh, meu Deus!
E.T.: Elliot.
Elliot: O quê?
E.T.: Elliot! Elliot!
Gertie: Eu ensinei ele a falar. Ele sabe falar agora.
Elliot: Espere. Você pode falar "E.T."? E.T.?
E.T.: E.T.
Elliot: A-há!
E.T.: E.T.! E.T.! E.T.!

Elliot: Ele é um homem do espaço e nós vamos levá-lo para sua nave espacial.
Greg: Ahn, ele não pode se teletransportar?
Elliot: Isso é a vida real, Greg.

[Mary, a mãe das crianças, bate com a porta da geladeira no E.T.]
Gertie: Ele está aqui.
Mary: Quem?
Gertie: O homem da lua. Mas eu acho que você já matou ele.

E.T.: Venha...
Elliot: Fique...
E.T. (apontando para o próprio peito): Ai.
Elliot: Ai...
E.T. (apontando para o coração de Elliot): Eu estarei sempre aqui.
Elliot: Tchau.
E.T.: Seja bom.


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